Vim para aqui com 17 anos. Lembro-me perfeitamente daquele dia. Era um sábado, fazia calor. Fiz a mala, arrumei cd's, livros e meia-dúzia de fotografias na mochila. Despedi-me dos meus, de alguns amigos e vim a chorar pelo caminho. Tinha um nó na garganta. Vinha para 60km longe de casa, mas parecia que ia para a China. Durante semanas senti sempre o mesmo. Quando aqui cheguei, estranhei tudo. O espaço, os cheiros, os barulhos, a rua. O frio parecia mais frio, o calor mais estranho, os dias pareciam ter um compasso diferente, a comida não sabia ao mesmo. Depois, os dias foram passando; as semanas, os meses, os amigos que vamos fazendo, os lugares que vamos conhecendo, até o falar que vamos apanhando. Tudo começou a fazer mais parte de mim. Até que me entranhei neste espaço. Este fim de semana, fui visitar a minha mãe. Fui à terra onde vivi durante 17 anos e já nada daquilo me pertence. Estranho as ruas, as pessoas, o cheiro. Fiquei alguns minutos a contemplar uma das casas onde c