Todos perdemos alguém na vida. Sem ter morrido, o meu pai achou que não queria mais fazer parte da minha vida, trocando uma familia por outra, assim como quem troca a roupa interior. Assim. Duro e frio como o aço. A minha filha tem quase 5 anos e ele, pura e simplesmente, não a conhece, porque não a quer conhecer. Eu, de caco a pó transformei-me em tudo e mais alguma coisa que possam imaginar. Batí no fundo e voltei a levantar-me porque as circunstâncias da vida não nos permitem andar sempre de rastos. Hoje sou uma pessoa diferente. Hoje há um grande buraco no meu peito, que não acalma por visitar um túmulo. Simplesmente nunca soube onde chorar uma pessoa que desapareceu da minha vida. E que era o meu herói. Não fiz luto, não o enterrei. Mas, tal como acontece com os mortos, deixei de ouvir a sua voz, de o ver, de o sentir, de me rir com ele, de me abraçar a ele, de dançar com ele. Tudo porque ele assim o quis. Já se passaram 5 anos e dói como se tivesse sido ainda há bocado. Tirei tod