Não sei porque é que tenho esta tendência para a fascina ao fim de semana.. A não ser que algo esteja combinado para este dia, invariavelmente acabo de pano do pó na mão e de aspirador em punho. Nesta casa não há rendimentos para empregada, logo, assumo eu o papel de Isaura. E acreditem, à segunda-feira parece que sábado de limpeza nem existiu. Devia ser inventado um sistema a vácuo que mantivesse tudo incrivelmente limpo durante muito, muito tempo. E eu começava a passar os meus sábados de outra maneira.
Ele era um colega, que hierarquicamente estava abaixo de mim. Entrou uns anos depois de mim para esta empresa. Foi galgando lugares enquanto um macaco come uma banana. Não me perguntem como, nem porquê. Eu desconfio, mas ia ter de dizer muito palavrão para me justificar, portanto permanecerei uma senhora de bico calado. De lugar em lugar, de tarefa em tarefa. Pouco me importa se tem a língua negra de tanta bota engraxada, se tem dificuldade em sentar-se ou se comeu o pão que o diabo amassou. Desde que ele não me prejudique, ele lá e eu aqui, e amiguinhos como dantes. Mas quando a verborreia atinge patamares de superioridade, não há como passar despercebido. Uma pessoa pode ignorar, mas e conseguir? É como tentar ignorar um mosquito a meio da noite, no quarto. Tu bem tentas, mas é mais forte que tu. A criatura vai fazer uma apresentação numa reunião. Já de si, a situação tinha aqui material de sobra para que o Ricardo Araújo Pereira fizesse um brilharete. O ser está incha
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