(autora do blog às nove no meu blogue, que leio, mas como não sei se ela sabe da minha existência, quem a conhecer, faça o favor de lhe dar o recado! Agradecida!)
Querida,
Depois de ler isto, fiquei com uma enorme vontade de te dizer que adorei cada virgula. Porque ao ler cada palavra senti o mesmo que sentiria se escrevesse para a minha filha. A verdade é que partilhava alguns dos 'desprazeres' que o crescimento de uma criança pode trazer ao coração de uma mãe, nomeadamente quando achamos que todos os pequenos seres, filhos das outras, já andam por aí armados em crianças evoluídas e as nossas não.
Quando engravidei, lá no trabalho, éramos 3 grávidas e 3 homens que iam ser papás. Todos quase pela mesma altura. Por isso, as experiências dos pequenos, quando nasceram e começaram a crescer, eram partilhadas a diário. Lembro-me bem que com um deles, até tremia, pois enquanto a minha ainda fazia caretas à sopa, a dele já comia empadão. Com outra colega, tinha vontade de enfiar a cabeça na areia, porque a minha filha ainda não andava e já a dela andava de triciclo! Enquanto a minha balbuciava para nosso deleite e contentamento o 'papá' e a 'mamã', o filho de uma delas já declamava Fernando Pessoa! Porque alguns pais e mães acham que é assim que deve de ser: os seus filhos são os melhores, os maiores e os pioneiros na grande aventura que é crescer. Quando a minha filha fez um ano, ainda não andava. Na realidade, começou a fazê-lo aos 15 meses e picos e ainda assim, de tal forma trapalhona que ainda demorou algum tempo a que tivesse confiança suficiente para o fazer sozinha. E sim, também eu me lamentava, que a pequena não andava e porquê?, falei com o pediatra tantas vezes, li livros, estudos, haveria um problema? Sim, na minha cabeça! Que ao invés de dar tempo ao crescimento normal da minha pequena, ouvia todas aquelas mães e pais, capazes de esgotar a paciência a um santo.
Hoje, com cinco anos, acho que não podia estar mais satisfeita. Sim, ainda dorme com fralda à noite. E depois? Quando ela achar que não vai precisar dela, certamente vai deixar de a usar. Agora chamem-me os nomes que quiserem!
Por isso, e pelo texto (lindo!), quero dar-te os parabéns! Não é fácil ignorar as mães que têm a capacidade de nos stressar, mas é fácil ouvirmos a voz que nos vem de dentro. E que quando olhamos para eles, temos a certeza que estamos a fazer um excelente trabalho, para o qual ninguém nos preparou.Que lhes conhecemos as fraquezas e as qualidades e que, sobretudo, não fazemos da existência deles um espectáculo de circo. E eles crescem, felizes, a seu tempo, rodeados de pessoas que só querem o melhor. Que os amam.
Comentários
Eu também por vezes me pergunto porque que o meu filho com 4 anos não fala como os outros.Pergunto-me, mas não faço disso um problema muito serio.
Ja me disseram ate [pessoas da família muito chegada ate] que o miúdo sofria de síndrome de Asperger que e autismo manifestando-se muito leve.
Ja o levei a terapeuta da fala e a unica conclusao da medica foi que ele era timido e teimoso.
Mas mesmo assim nao paro de ouvir que ele deve ter algum problema.
O mais novo só começou a gatinhar agora com 11 meses e o tempo que estive em Portugal foi o suficiente para ouvir vezes sem conta que ele já devia gatinhar.
Estas ultimas vezes já respondia que gostava que o meu bebe fosse bebe, e que ele tem tempo para crescer. Mas que cansa la isso cansa.
Gosto muito de ler a Miss Glitering e só tenho pena não conseguir comentar :(
Obrigada por mais estas palavras bonitas Rita.
Tu sem duvida também és uma mãe orgulhosa e uma pessoa que todos nos gostaríamos de conhecer.
Quanto à fala, actualmente ele faz terapia da fala, porque precisa mesmo, mas não imaginas as barbaridades que ouvi da avózinha. Enfim...
enviei-lhe o link do teu post **
Gostei muito do texto e das palavras solidárias das mães que sentem, como eu, na pele os olhares e palavras críticos de quem tem filhos prodígio e aponta o dedo aos que não são.
É exactamente como dizes: devemos deixá-los crescer ao seu ritmo e não ter pressa para que sejam mais isto ou menos aquilo. O equilíbrio sempre foi o pai de todas as virtudes, só que às vezes é difícil lembrarmo-nos disto e ignorar essas tais vozes.
Um grande beijinho e muito, muito obrigada, de coração.
Sofia