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entre ele e eu.

Um dia disse-lhe que se morresse, queria que ele doasse todas as minhas coisas, as minhas roupas, excepto o terço de prata que me deu o avô Jorge; disse-lhe que não queria ninguém vestido de preto e a chorar; disse-lhe que pusesse música a tocar no funeral, tudo coisas mexidas e que inspirassem alegria; disse-lhe que voltasse a apaixonar-se.
 
Não lhe cheguei a dizer que só queria uma ou duas rosas de santa Teresinha; não lhe disse que pusesse uma foto de nós os quatro junto de mim; não lhe cheguei a dizer, talvez o mais importante: que falasse sempre da mãe aos meus filhos, que lhes mostrasse o mundo tal como eu gostaria de o ter visto e que nunca perdesse a esperança.
 
Ele não me deixa falar destas coisas; diz que eu sou parva e manda-me calar; não digas asneiras, tu não vais primeiro que eu;
 
Mas eu vou sempre tentando dizer-lhe estas minhas vontades. Eu sei que ele, no fundo, me ouve.
É óbvio que não estou a pensar morrer tão depressa, tão cedo.
 
E é por isso que ele me cala sempre. Não estás com os pés prá cova; ainda temos muito que viajar, ainda temos muitos quilómetros de mota para percorrer, ainda temos de ir à América. E não vou dar as tuas coisas, a tua roupa.. senão depois não tenho nada para (te) cheirar.

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