Suponhamos que eu paguei 75 euros num hospital privado por uma consulta de urgência na pediatria. Que na mesma urgência, a pediatra que viu o meu filho examinou-o por cerca de cinco minutos. Diagnosticou faringite, mandou suprimir os analgésicos porque diz que assim camuflamos a febre e dá-nos ordem de soltura com maxilase e ''isso passa''. Suponhamos que eu fiquei contente com o resultado e plenamente confiante no olho clínico da senhora.
Suponhamos que eu me deixava estar, indiferente aos berros de dor, dos choros, da dificuldade em comer e engolir, da impertinência constante e do mal estar geral.
Provavelmente, a esta hora, as coisas já estariam bem piores.
Como não consegui ficar indiferente ao sofrimento do meu filho, no fim da tarde fui ao pediatra do coração.
Uma hora depois de ter sido cuidadosamente examinado e 75 euros depois, saímos de lá com tratamento para a estomatite aftosa. Tudo a ver com o primeiro diagnóstico.
E eu juro que não consigo entender estas coisas. Privado, público, carniceiros ou feiticeiros, com dinheiro ou sem, se não temos sorte [porque é cada vez mais disso que se trata - ter sorte!] acabamos por andar enrolados e piorar situações que podiam ser facilmente resolvidas.
Cento e cinquenta euros depois, mais despesas de farmácia e deslocações, o meu filho está a ser tratado para o problema que realmente tem. Se tivesse ido ao público, provavelmente teria tido sorte melhor. Ou não, porque os pediatras que servem a urgência publica são os mesmos que estão no privado. Nunca saberei.
Só tenho apenas uma certeza: vou fazer uma reclamação por escrito para o hospital privado. E nunca mais quero os meus filhos nas mãos daquela doutora.
Comentários
Bjokas e as melhoras do pequeno.