Tenho saudades dos tempos em que ouvia isto, em altos berros, no gira-discos portátil que veio de Torremolinos - aquela Meca da tecnologia e casacos de cabedal dos anos 80 - e imaginava que era uma das bailarinas do Rick. Usava uma poupa como franja, milimetricamente penteada e enlacada todas as manhãs. Hoje penso que mais foleiro que isso, só mesmo as calças nos joelhos dos miúdos de hoje. [modas] Sinto uma certa nostalgia desses tempos, dos cheiros, das pessoas, dos lugares. Sinto que o tempo está a escorrer-me pelos dedos, como a areia, e só queria que fosse possível voltar lá, nem que fosse por umas horas e viver tudo de novo, mas muito mais intensamente.
Ele era um colega, que hierarquicamente estava abaixo de mim. Entrou uns anos depois de mim para esta empresa. Foi galgando lugares enquanto um macaco come uma banana. Não me perguntem como, nem porquê. Eu desconfio, mas ia ter de dizer muito palavrão para me justificar, portanto permanecerei uma senhora de bico calado. De lugar em lugar, de tarefa em tarefa. Pouco me importa se tem a língua negra de tanta bota engraxada, se tem dificuldade em sentar-se ou se comeu o pão que o diabo amassou. Desde que ele não me prejudique, ele lá e eu aqui, e amiguinhos como dantes. Mas quando a verborreia atinge patamares de superioridade, não há como passar despercebido. Uma pessoa pode ignorar, mas e conseguir? É como tentar ignorar um mosquito a meio da noite, no quarto. Tu bem tentas, mas é mais forte que tu. A criatura vai fazer uma apresentação numa reunião. Já de si, a situação tinha aqui material de sobra para que o Ricardo Araújo Pereira fizesse um brilharete. O ser está incha
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