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manhã no mercado

Quando era pequena ia muitas vezes com o meu avô. Gostava de entrar pela zona das frutas e das hortaliças. Gostava de cheirar as flores frescas, em grandes alguidares de plástico cheios de agua até cima. Adorava enterrar as mãos nas cestas com feijão e grão secos e fazê-los escorrer pelos dedos. Gostava do cheiro a alpiste e de ir mexer nas pás e nos copos de medidas. Fingia um pouco que trabalhava ali e estava a atender clientes. Não era muito amiga de ir ver o peixe, embora adorasse as bancas com gambas e camarão, tocar-lhes nos bigodes, sentir o cheiro da cozedura.
Ainda hoje guardo essa memória olfactiva da minha infância. Tenho saudades desses tempos, de quando o meu avô me dava uma moeda e eu ia comprar um bolo de arroz à senhora que os vendia à porta, guardados numa cesta de palha. Ou de quando me mandavam ir comprar pão à praça e eu trazia um caracol com açúcar e canela com as moedas do troco.

Esta manhã voltei ao mercado. Não o da minha terra, mas da terra que escolhi para viver. É tudo tão bom, tão genuíno e natural. As frutas parecem acabadas de colher; o peixe parece que veio directamente do mar. Recordei que era isto mesmo que eu pensava que acontecia, sem sequer saber que existiam lotas e fornecedores e todo um processo que envolve o caminho do produto à banca do mercado.

Quero que os meus filhos sintam também este cheiro, que o conheçam e o recordem um dia mais tarde. Que não saibam só o que é o corredor impessoal do hipermercado. Que ouçam as mulheres apregoar, que conheçam as caras de quem tem uma vida sofrida para vender fresco e ganhar a o pão-prá-boca, que conheçam as frutas feias que o grande comércio não exibe nas suas prateleiras mas que são quase sempre as mais doces, as melhores.

Quero voltar ao mercado sempre que puder. Mais que não seja para revisitar o mercado da minha infância, das minhas memórias. Aquele em que eu via o mundo a meio-metro do chão e ainda acreditava que os meus dias iam ser sempre assim.








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Well..

.. ao que parece, está tudo benzinho com o pequeno. A mãe tem uma infecção urinária assintomática e já está a antibiótico e o pequeno parece estar feliz da vida. O líquido que verti pode bem ter sido xixi, porque com as infecções é normal acontecer.. digamos que com a gravidez também, porque o peso pressiona a bexiga. Mas, de qualquer das formas, ela mandou vigiar o assunto. Por isso, aqui estamos. Um dia de cada vez.. e espero que esta gravidez chegue ao fim sem nenhum problema de maior.. e que logo, logo o Manuel esteja nos meus braços saudável e perfeito.

ando cansada..

Uma pessoa cultiva amizades, faz por elas, muitas vezes, mais do que pela própria família; alteramos planos, mudamos vidas, fazemos das tripas coração para estar presente. Não fiz o que fiz por desejar algo em troca, porque quando achamos que há amizade, não precisamos esperar nada em troca.. ultimamente, vou espreitar o facebook e as minhas queridas amigas, na minha ausência (será?), parece que me substituíram muito rápido. Não fui eu que desapareci. Nos meus piores momentos, elas é que não estiveram lá. E hoje, que passo os dias sozinha, sempre à espera que o marido e a filha cheguem a casa para ter com quem conversar, ninguém (mas mesmo ninguém, impressionante!) me chega à porta.. Ando cansada, mesmo cansada de esperar e de acreditar que as pessoas tem as vidas ocupadas. Porra, existem dias de folga, existem telefones, eu não me mudei para a China..

isto faz o meu estilo #5