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Cuidar e amar.

Esta dicotomia nestes dois conceitos que se querem juntos. Se amamos uma pessoa, cuidamos dela. Em todos os sentidos. Não se dissociam, não podem. Senão, não seria amor. Era mais uma espécie de trabalho, de voluntariado ou de vocação. Mas até para isso temos de colocar amor no que fazemos, ou corremos o risco de fazer uma grande borrada.
Dou por mim, às vezes, a pensar no futuro. Imagino esta casa com outras mobílias, com outros gostos e outros cheiros. Imagino o meu marido mais velho e os meus filhos nas suas vidas. E pergunto-me se serei capaz de cuidar. Sim, cuidar de uma pessoa velha e doente. Eu que tremo cada vez que os miudos espirram, mas que tenho o sangue frio e a calma de limpar vómitos com toalhas. Eu que choro e tenho mini ataques cardíacos, quando o pequeno se engasga, mas que sou capaz de dormir uma semana encolhida no sofá, para lhe velar o sono.
Assusta-me a total dependência dos chamados cuidados paliativos. Daquela altura na vida em que dependemos da boa vontade do próximo. Do quão insignificantes somos perante uma doença que nos prende à cama.
E é precisamente isto uma das coisas que me assustam, quando penso no futuro. Serei capaz de cuidar? Serei capaz de dedicar o meu tempo, o meu amor, a minha atenção? Melhor: terei forças para isso? Para olhar para um ser que amo, vê-lo debilitado e dependente e ser forte o suficiente para dar-lhe a dignidade que merece?
Acho que por amar tanto, se for eu a dependente e se tiver na posse das minhas faculdades de percepção e decisão, escolho o cuidado profissional. Ou então, estou a dizer um disparate tão grande, que mais valia estar calada.

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