O meu pai costumava contar esta história. Eu era uma criança sossegada, os outros faziam o que queriam de mim. E quando eu levava com um pontapé ou me tiravam alguma coisa, lá ia de olhos em lágrimas queixar-me ao pai e à mãe. Até ao dia em que o meu pai me avisou que, se eu não resolvesse os assuntos das crianças com as crianças, quem levava por tabela era eu. Dizia ele que, foi a pior coisa que me disse. A partir desse dia, começou ele a levar com as queixas dos outros pais e dos miúdos. Por qualquer coisa que me fizessem, eu tornava-me num pequeno monstro. E magoava com força. A minha filha é igual a mim, em versão pré-aviso paternal. As outras miúdas fazem dela o que querem. Há duas semanas, levou uns ganchos para a escola. A amiga Rita pediu-lhe os ganchos emprestados, com a promessa de que ia nessa noite lá a casa devolvê-los. A minha acreditou piamente. Até lhe deu a morada! É óbvio que os ganchos nunca mais voltaram. Ontem foi um livro. A amiga Rita disse que queria ler o