Não me voltem a falar de partos induzidos, por favor. Até hoje, recordo a intensidade daquelas dores, a brutalidade das contracções, os apertões que dava na mão do marido (coitado!).
Eram 8h30' do dia 19 de Julho quando entrei no hospital. Fui directamente para a sala do Ctg. Estava tudo normal. O P. aguardava lá fora, no corredor, ansioso. A doutora, mal chegou às nove foi ter comigo. Eu, fresca e fofa, estava mais nervosa que outra coisa. Dores nem vê-las.
Quando terminou o Ctg fui observada. Colo do útero fechado e posterior. A doutora colocou-me o comprimido que iria induzir o parto. Confesso que fiquei mais tranquila, porque achava que sendo posta a soro, aquilo ia demorar uma eternidade. E ela, quem eu queria no bloco de partos, só estava disponível naquele dia. Eram por volta das dez da manha.
Depois disso, fui ter com o marido e mandei-o ir buscar a mala. Por falta de camas na enfermaria, eu ia ficar no Bloco de partos. Ele lá foi e depois lá entrei para me instalar na sala que me reservaram. Até às 13h, hora em que o marido pôde entrar para me acompanhar, não senti nada.. nem uma dorzinha que fosse. E já começava a ficar nervosa, com o facto de a indução durar horas e quiçá dias! (a minha amiga esteve dois dias a soro até entrar em trabalho de parto)
Por volta das 16h apareceu uma enfermeira para me fazer um toque. Bruta como tudo, lá me disse que o colo continuava fechado e posterior.. a boa noticia é que tinham cama para mim na enfermaria. Ia eu a sair do bloco com o marido quando encontro a minha doutora.
«Onde vais?» - disse ela. Lá lhe expliquei. E ela que não, que me queria observar novamente e mandou-me deitar-me na marquesa.
Colocou-me outro comprimido e disse: «Ainda não está como eu quero, mas vai ser hoje!»
Com isto tudo, pensei: sim, será hoje, pela madrugada a dentro, ou talvez não, porque eu nem um dedo de dilatação tenho, quanto mais dez para o rapaz nascer.. nem sabia o quão enganada estava!
Assim que me deitei na cama da enfermaria, comecei a sentir dores. Iam e vinham, ainda suaves. Ao fim de uma hora eu já não sabia o que fazer à minha vida! Eram tantas e tão intensas que eu pensava que morria ali com elas. Já desesperado, o marido chama uma enfermeira, porque eu comecei a vomitar e diz-me ela: «Sente alguma pressão?». Confesso que com as dores tão fortes, que iam e vinham em intervalos de segundos, nem sentia pressão nenhuma.. mas concentrei-me e sim, sentia alguma coisa. «Então vou examinar!»
Tal não é o meu espanto quando diz ela: «Meu Deus! são nove dedos, quase dez já! O bebé vai nascer!»
Não me perguntem como, mas de repente, tinha mais duas enfermeiras ao pé de mim, uma cadeira de rodas e fui a 'voar' até ao bloco de partos.
Quando lá entrei ainda brinquei: «Então e a epidural?!?» Qual epidural? Não há tempo para isso.. o bebé vai nascer..
«Não faça força! Nós não estamos preparadas!»
«Mas eu tenho vontade.. tenho que fazer..»
«Não faça! Não faça!» e elas preparavam tudo à pressa, punham luvas e máscaras e eu a dizer que tinha que fazer força..
Às tantas, não aguentei mais. Tenho mesmo de fazer, não consigo controlar. As perneiras (mal presas) cederam, o marido aguentou tudo com a mãos. Duas forças depois e o Manel nascia. Eram 19h20'.
No espaço de duas horas eu fui de colo fechado e posterior a dez dedos de dilatação. Com as dores mais intensas que algumas vez suportei na vida. Por pouco não nascia na enfermaria.
Foi uma aventura, até para a médica que nunca imaginou que tudo acontecesse tão rápido.
O Manuel nasceu e, para mim, é o bebé mais lindo que eu já vi.
Mas, por favor, nunca mais me voltem a falar de partos induzidos. Por favor!
Comentários
Agora que está tudo bem, olha para o Manelito que coisa mai linda!
Ao menos já estás despachada e correu tudo bem.
Felicidades :)