Não foi um dia bom. Também não foi mau, mas não foi um dos meus dias. Já nem sei se são as malditas hormonas, se é a ansiedade. Tenho uma angústia em mim, que qualquer coisa me faz rebentar num mar de lágrimas. Detesto ser mal interpretada, detesto ser mal entendida, detesto que não se consigam colocar na minha posição quando é o que eu faço pelos outros, constantemente. São quase uma da manhã e nem sono tenho, tal não é a neura que trago comigo. Queria ter uma borracha daquelas que apaga o tempo, esquecer que este dia existiu, que estas lágrimas foram derramadas pelos motivos mais estúpidos. Definitivamente: esquecer que esta fui eu, neste dia que passou.
Ele era um colega, que hierarquicamente estava abaixo de mim. Entrou uns anos depois de mim para esta empresa. Foi galgando lugares enquanto um macaco come uma banana. Não me perguntem como, nem porquê. Eu desconfio, mas ia ter de dizer muito palavrão para me justificar, portanto permanecerei uma senhora de bico calado. De lugar em lugar, de tarefa em tarefa. Pouco me importa se tem a língua negra de tanta bota engraxada, se tem dificuldade em sentar-se ou se comeu o pão que o diabo amassou. Desde que ele não me prejudique, ele lá e eu aqui, e amiguinhos como dantes. Mas quando a verborreia atinge patamares de superioridade, não há como passar despercebido. Uma pessoa pode ignorar, mas e conseguir? É como tentar ignorar um mosquito a meio da noite, no quarto. Tu bem tentas, mas é mais forte que tu. A criatura vai fazer uma apresentação numa reunião. Já de si, a situação tinha aqui material de sobra para que o Ricardo Araújo Pereira fizesse um brilharete. O ser está incha
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