Deixaram o meu homem num estado moribundo. Aterrou na cama depois do almoço, com um escaldão na cara e dores, muitas dores, no corpinho todo. Escusado será dizer que não andava assim 20 e tal quilómetros de bicicleta à milhares de anos.. e o estado vegetativo - e doloroso! - apoderou-se dele. Não temos outro remédio senão deixar para amanhã o Alentejo. Não tenho outro remédio senão aguentar-me à bomboca.
Ele era um colega, que hierarquicamente estava abaixo de mim. Entrou uns anos depois de mim para esta empresa. Foi galgando lugares enquanto um macaco come uma banana. Não me perguntem como, nem porquê. Eu desconfio, mas ia ter de dizer muito palavrão para me justificar, portanto permanecerei uma senhora de bico calado. De lugar em lugar, de tarefa em tarefa. Pouco me importa se tem a língua negra de tanta bota engraxada, se tem dificuldade em sentar-se ou se comeu o pão que o diabo amassou. Desde que ele não me prejudique, ele lá e eu aqui, e amiguinhos como dantes. Mas quando a verborreia atinge patamares de superioridade, não há como passar despercebido. Uma pessoa pode ignorar, mas e conseguir? É como tentar ignorar um mosquito a meio da noite, no quarto. Tu bem tentas, mas é mais forte que tu. A criatura vai fazer uma apresentação numa reunião. Já de si, a situação tinha aqui material de sobra para que o Ricardo Araújo Pereira fizesse um brilharete. O ser está incha
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