A minha amiga Luísa tem quarenta e picos anos. A vida sempre foi uma put@ com ela. Levou-lhe o amor da sua vida para os braços de outra; levou-lhe a mãe e o filho pequeno num incêndio, que também lhe levou as paredes da casa e tudo o que tinha lá dentro. Ficou ela e a filha mais velha, para viverem os estragos que a vida lhes deu. Há pouco mais de um mês descobriu que tinha um tumor. Na cabeça, que era para a coisa não ser fácil. Estava a tirar-lhe a visão, o discernimento, a capacidade de se dar com os outros. Em suma, estava a tirar-lhe vida. Há duas semanas que está para ser operada, raparam-lhe cabelo, fizeram exames, internaram-na, mas esqueceram-se de um pequeno pormenor: poderia a Luísa tomar qualquer tipo de anestesia? Em pleno bloco operatório, depois de lhe darem uma dose de cavalo, a Luísa entra em espasmos bronco-pulmonares. E a cirurgia é cancelada. Agora, espera poder fazê-la o mais depressa possível, enquanto aguarda em casa, sozinha, deprimida e de cabeça rapada (a lembrá-la de que o problema está lá), que os senhores doutores consigam compensar o erro.
Não sei até que ponto podemos olhar para a nossa vida e achar que somos miseráveis. Eu olho para a minha amiga, que se ri à brava cada vez que brincamos com ela e só vejo uma força interminável e uma enorme fé. E rezo para que ainda possa ver, com os meus olhos, a minha amiga ter dias felizes. Embora tudo o resto.
Comentários
Onde andas tu nestes momentos :(
Nos não podemos nos queixar mesmo...acho que vou ja ali enfardar curry.
Qual dieta, quais horas perdidas de sono e cabelos curtos.
Fico pequenina nestes momentos :(
As melhoras para a Luísa, para a tua amiga.
Baci*
E são com essas pessoas mesmo que aprendemos a dar mais valor ao que temos!
E a querer, de alguma forma, ser melhor por elas...
As melhoras. :) depois conta como correu a operação.
damn ...
sorte para a Luísa**