Já aqui o disse muitas vezes. Adoro o Natal e tudo o que esta data envolve. Principalmente quando as melhores recordações são aquelas que trago de quando era criança. E todos estavam presentes. Hoje, a minha casa é grande para receber os que amo, mas fica cheia só de saber que eles estão presentes na minha vida. Penso muitas vezes no meu pai. Especialmente nesta altura. Porque raio há-de ser aquela criatura um ser tão estúpido, que não consegue sequer admitir que errou e que pode pedir perdão. Deve! Algumas pessoas me perguntaram, ao longo destes anos, porque não sou eu a dar o passo. Não posso ser eu. Não posso. Acho que a principal razão de estarmos vivos se prende com a necessidade efectiva que temos em aprender a crescer com os nossos erros. E o meu pai, felizmente!, não é um diminuído mental, não têm nenhuma deficiência cognitiva que o impeça de tomar uma decisão certa. O meu pai pensou em todos os pormenores para nos afastar da vida dele, num acto de egoísmo, e com certeza estará na posse das suas faculdades para pensar em como deveria reverter essa situação. Teria de ser ele a crescer, a tomar esse passo, a ser adulto, a ponderar, a suportar a vergonha de ter de admitir que desta vez foi ele que fez um grande disparate. E se aceitava? Bem.. não poderei dizer que tudo voltaria a ser como dantes, mas com toda a certeza, estaria disposta a ouvi-lo. Curiosamente, porque é Natal. Sobretudo, porque tenho muitas saudades e não o queria longe da minha vida para todo o sempre.
E assim, hoje é Natal. Com mais ou menos alegrias, celebramos o dia da esperança, do amor, da família. E no intimo do meu ser, faltará sempre qualquer coisa, que me impede de ser cem por cento feliz.
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