.. era dar pontapés no ar e murros no oxigénio, enquanto se balançava o corpo de um lado para o outro, numa mistura de «parece que estou a enxotar moscas» e «sou a maior a dançar martelinhos». não querendo entrar na indumentaria que o meu corpo vestia nos anos 90 (haverá tempo para isso), só quero sublinhar o quão era surreal sair à noite, as promessas de boas notas nos testes até ao ultimo ano de universidade e a capacidade de persuasão que era necessária para convencer a mãe de que à meia-noite é que a pista abria e era quase que vergonhoso ter de estar em casa a essa hora. acho que ainda sinto borboletas no estômago cada vez que me lembro do dia em que consegui a proeza de poder chegar a casa às duas da manhã. para mim, era o exponente máximo da liberdade. ui.
Uma pessoa cultiva amizades, faz por elas, muitas vezes, mais do que pela própria família; alteramos planos, mudamos vidas, fazemos das tripas coração para estar presente. Não fiz o que fiz por desejar algo em troca, porque quando achamos que há amizade, não precisamos esperar nada em troca.. ultimamente, vou espreitar o facebook e as minhas queridas amigas, na minha ausência (será?), parece que me substituíram muito rápido. Não fui eu que desapareci. Nos meus piores momentos, elas é que não estiveram lá. E hoje, que passo os dias sozinha, sempre à espera que o marido e a filha cheguem a casa para ter com quem conversar, ninguém (mas mesmo ninguém, impressionante!) me chega à porta.. Ando cansada, mesmo cansada de esperar e de acreditar que as pessoas tem as vidas ocupadas. Porra, existem dias de folga, existem telefones, eu não me mudei para a China..
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