Ainda não são seis da tarde e eu já trabalhei 8 horas (tão bem pagas que elas vão ser!!), já fiz o almoço e adiantei o jantar, já limpei a casa de banho (paredes incluídas, que eu não brinco em serviço.) e mudei a disposição do quarto da mini madame. Já me lambuzei com duas torradas de pão brioche e manteiga e bebi uma caneca de café. Já aspirei e arejei os tapetes. E limpei o pó. Estou aqui que mais pareço uma zombie que abusou dos speeds (incoerência?) e não tarda afundo no sofá e só volto a mim quando me abanarem com muita força. Ou quando o despertador tocar amanhã de madrugada..
Ele era um colega, que hierarquicamente estava abaixo de mim. Entrou uns anos depois de mim para esta empresa. Foi galgando lugares enquanto um macaco come uma banana. Não me perguntem como, nem porquê. Eu desconfio, mas ia ter de dizer muito palavrão para me justificar, portanto permanecerei uma senhora de bico calado. De lugar em lugar, de tarefa em tarefa. Pouco me importa se tem a língua negra de tanta bota engraxada, se tem dificuldade em sentar-se ou se comeu o pão que o diabo amassou. Desde que ele não me prejudique, ele lá e eu aqui, e amiguinhos como dantes. Mas quando a verborreia atinge patamares de superioridade, não há como passar despercebido. Uma pessoa pode ignorar, mas e conseguir? É como tentar ignorar um mosquito a meio da noite, no quarto. Tu bem tentas, mas é mais forte que tu. A criatura vai fazer uma apresentação numa reunião. Já de si, a situação tinha aqui material de sobra para que o Ricardo Araújo Pereira fizesse um brilharete. O ser está incha
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