.. fazem-me sentir como a Cruella. Nutrem em mim sentimentos de pura crueldade. Apetece-me cortar-lhes o pescoço ou desfazer-lhes as rótulas. Os incompetentes. Os atrasados mentais que julgam que, lá por poderem mandar, mandam de chicote na mão e prepotência na ponta da língua. Os anormais dos incompetentes, que de braços cruzados, se acham no direito de desdenhar os esforços alheios. Só porque estão na posição superior, os ignóbeis que carecem das condições exigidas para poderem ser considerados como tal, superiores, levam-me ao descontrolo emocional. Atinjo o máximo grau da agitação do ânimo irado. Torno-me uma mulher desgrenhada. E num ímpeto de cólera, de raiva, sou bem capaz de ter um ataque de loucura furiosa. Não se metam comigo, se faz favor. Fujam. E não me venham dizer que faço tempestades em copos d'água.
Ele era um colega, que hierarquicamente estava abaixo de mim. Entrou uns anos depois de mim para esta empresa. Foi galgando lugares enquanto um macaco come uma banana. Não me perguntem como, nem porquê. Eu desconfio, mas ia ter de dizer muito palavrão para me justificar, portanto permanecerei uma senhora de bico calado. De lugar em lugar, de tarefa em tarefa. Pouco me importa se tem a língua negra de tanta bota engraxada, se tem dificuldade em sentar-se ou se comeu o pão que o diabo amassou. Desde que ele não me prejudique, ele lá e eu aqui, e amiguinhos como dantes. Mas quando a verborreia atinge patamares de superioridade, não há como passar despercebido. Uma pessoa pode ignorar, mas e conseguir? É como tentar ignorar um mosquito a meio da noite, no quarto. Tu bem tentas, mas é mais forte que tu. A criatura vai fazer uma apresentação numa reunião. Já de si, a situação tinha aqui material de sobra para que o Ricardo Araújo Pereira fizesse um brilharete. O ser está incha
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