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O «mê» falar..

Qu'isto de ser algarvia tem mais que se lhe diga.. que trabalhar com gente de Fáre e Olhão, Fuzeta e Loulé e ser moça da Vila (Real de Santo António) dá-nos uma estaleca desgraçada em dialectos algarvios.

Má porqué que falamos assim? Ficamos logo com a marca de que falamos mau português.. o que não podia ser mais erráde.. Quem ouve de fora, parece-lhe aquilo que é: uma algaraviada. Maje a gente entendesse.

Assistir a um diálogo entre dois algarvios, pode parecer uma cena de comédia, para alguns até mesmo uma lingua estranha de perceber, mas no fundo, é assistir ao mais diversificado dialecto.

Uma receita que meta griséus, vagens e ervilhanas, confunde o mais prestigiád chéf de cozinha. :)

Se assistirem a uma conversa entre dois colegas no aeroporto, deve sair uma coisa mais ou menos assim:

-Atão? Méquié?

-Atãaaaooo maninh'! Táj'aí?

-Atã nã sabes??

-Tá munta fritaria aí hoj'?

-Má atão? Nã sabes'já?

-Dass.. lóg hoj qu'ê nã tô capaz..

-Por cá de queim?

-Móss, dói-ma cabêça.. tenh'a cabêça maij alta co farol..

-Má atão na tomástes nada pra iss'?

-Tomê. Má ê na podia faltar.. Tô aqui tod'empacháde..

-E vensje práqui assim? Má tensje a mania qu'és moçe d'Ólhão, hom..

-Mó.. dêxam'a cabêça da mão, déb.. na vesje que tô tod' frite? A ver se me mandam prái refundide..

-Alguma vez?? Mêm'agora vás ali pró lode..

-Nã vô não.. que digue lógue que nâ tô capaz.

-Má eles na acreditam..

-Na acreditem, na acreditem..

(...) Lindo!


No meio desta 'macacada' toda, as expressões como 'atira-t'ó mar', 'desampara-me o dancefloor', 'bota gel', 'filhe d'Ólhão', 'moça da vila', deixam qualquer um 'má variado q'um chalavar de caranguêjo... mó!'

Tem avondo ou querem mais?

Comentários

Ana Omelete disse…
Adorei!
Especialmente o "empachade" ;-)

Boa transcrição do mais comum dos diálogos do aeroporto

Beijocas.
V-Skin disse…
Cá me parece que tu tenje'ma mania q'até dá dó... Ma c'orgulh é esse de falar mal? E o comer das vogais? Passam fominha no Algarve?

;)

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... mesmo que depois de um interregno de quase 3 anos. Podia contar a história daquela que foi ali comprar tabaco e nunca mais apareceu. Poupo-vos o melodrama. No meu caso, é mais a história daquela a quem a vida se voltou de pernas para o ar, que sem saber como nem porquê, vim parar ao médio oriente e já por aqui ando há quase dois anos.  Nos entretantos, traí o blogger com o Wordpress. Relações modernas. Nada de mais. É que lá estava mais à vontade para falar da vida de emigrante. Mas, não há amor como o primeiro [dizem], bateu uma saudade imensa. Vim aqui de soslaio, só naquela de ver se ainda sentia a química. Nem de propósito ser o primeiro dia do ano e, tal e qual uma ressacada, não resisti em reacender a chama. Se é para toda a vida, até que a morte nos separe? Não sei. Talvez. Quem sabe. Até agora estamos a ganhar ao José Carlos Pereira e à Liliana Aguiar no junta-separa. 

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