Não tenho médico de família, já lá vai para não sei quantos anos. No outro dia, ouvi o senhor ministro da saúde dizer que isso era impossível, que há médicos que cheguem para todos. Pelos vistos não há, senhor ministro. Tenho de recorrer a uma consulta de recurso cada vez que preciso de alguma coisa, claro, se não quiser ir deixar os olhos da cara no privado. Ontem tinha de ir tratar da minha baixa e surpresa!, não havia médico. Hoje voltei de manhã cedo e surpresa!, não havia médico. Vou voltar esta tarde sem certeza de aparecer uma alma que tenha estudado medicina e que faça o obséquio de olhar para a minha barriga, constatar que estou grávida e me prorrogue a baixa. A senhora administrativa encolheu os ombros e disse não saber se ou quando haverá um médico.. mas não é por falta da existência deles, é porque têm outras coisas que fazer, portanto vão faltar. Este país mete dó.
Ele era um colega, que hierarquicamente estava abaixo de mim. Entrou uns anos depois de mim para esta empresa. Foi galgando lugares enquanto um macaco come uma banana. Não me perguntem como, nem porquê. Eu desconfio, mas ia ter de dizer muito palavrão para me justificar, portanto permanecerei uma senhora de bico calado. De lugar em lugar, de tarefa em tarefa. Pouco me importa se tem a língua negra de tanta bota engraxada, se tem dificuldade em sentar-se ou se comeu o pão que o diabo amassou. Desde que ele não me prejudique, ele lá e eu aqui, e amiguinhos como dantes. Mas quando a verborreia atinge patamares de superioridade, não há como passar despercebido. Uma pessoa pode ignorar, mas e conseguir? É como tentar ignorar um mosquito a meio da noite, no quarto. Tu bem tentas, mas é mais forte que tu. A criatura vai fazer uma apresentação numa reunião. Já de si, a situação tinha aqui material de sobra para que o Ricardo Araújo Pereira fizesse um brilharete. O ser está incha
Comentários
Gostei de ler que ainda há mais gente como eu, que acha que as pessoas deviam saber viver em sociedade e não sabem, que deviam olhar à volta e perceber que não estão sozinhas, que deviam conseguir ver para além das suas próprias necessidades e do "salve-se quem puder".
Gostei de ler sentimentos, ideias, não pretensiosos, não pseudo-intelectuais mas também não demasiadamente fúteis ("futilidade" q.b. também dá graça à vida :))
Gostei daquilo que transpareces. Parabéns!
E muitos parabéns pelos teus meninos, a que já está cá fora e o que vem aí! Felicidades!
Baci*querida
Um beijinho grande!!
Dina: não sei se será igual em todos os lados.. a mim, uma vez que tenho uma gravidez de risco e sou seguida pela especialidade (no privado), nunca me deram outra opção.. Cada vez que, mensalmente, tenho de ir renovar a baixa, tenho este tormento.. :S
Beijinhos às meninas todas! :)
Resposta do médico do hospital: minha senhora, isso é impossível! Em Portugal toda a gente tem médico de família!!
Como eu me desatei a rir na cara do jovem médico e lhe disse que não vivemos no mesmo Portugal, ele virou-me as costas e foi-se embora! :S
Agora, se ainda tiveres paciência para isto, como tu também és uma querida, tens um "grande" desafio lá na Turista, sim?
Ah, e continuo sem médica de família!!!
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